Bottoms... Quem são? Onde vivem? O que comem?
Piadas à parte, a relação spanko traz uma espécie de bottom que se enquadra num grande gênero chamado "SPANKEE", isso é, o bottom que recebe o spanking é o spankee. Eu, desde sempre, me identifiquei primariamente como spankee (para depois me tornar switch).
Mas apenas o rótulo spankee muitas vezes não é o suficiente para identificar exatamente do que aquele bottom gosta e, principalmente, como ele age. Recentemente li uma obra muito interessante intitulada "Spanking for Lovers" da Janet W. Hardy em que ela afirma que há tantas formas de viver a parafilia spanko quanto há spankees e spankers no mundo - e preciso concordar com essa afirmação.
Mas afinal, qual é a necessidade de rotularmos tudo? Eu não sou uma louca por rótulos, mas creio que quanto mais entendemos nossas preferências e quanto mais sabemos o que queremos, mais felizes ficamos e mais claros somos com nossos parceiros. Todo spanko já se sentiu frustrado por, exatamente, não ter alguém que entenda seus anseios.
Se queremos que nossos parceiros entendam (e completem) nossos desejos e fantasias, devemos nos entender primeiro. Saber o que queremos, como queremos e o que esperamos é o mínimo que podemos fazer por nós mesmos e pelos nossos parceiros - e daí a importância de nos entendermos enquanto bottoms ou enquanto tops ou switches.
Há bottoms que têm traços mais submissos, outros se identificam de forma mais irreverente ou então mais masoquistas, e isso é absolutamente individual e tem conexão com a forma como aquela pessoa deseja viver o seu fetiche. Assim, vamos falar das características possíveis num bottom:
1. SUBMISSÃO: O spankee pode ser mais propício a obedecer e ceder ao spanker durante uma punição. Talvez obedecendo a comandos de ficar parado, ficar de castigo no canto, não apresentar resistência física ou moral. A obediência e resignação aqui se dá de forma mais fácil e tranquila.
2. MASOQUISMO: Lembrando que o spankee, em geral, não quer a dor pela dor... Porém, numa situação de correção (consensual) a dor é importante e a quantidade de dor infligida variará de acordo com o nível de tolerância a dor de cada spankee - por isso é de extrema importância que se negocie os implementos a serem usados e também que se teste e cheque qual é a tolerância.
3. MALCRIAÇÃO: Eu pensei muito para pensar num nome para esse terceiro tópico. Há um tipo específico de bottom que não é submisso, pelo contrário, o cerne de seu fetiche está na provocação e em respostas atravessadas e provocações exacerbadas - são os famigerados brats (como eu estou nessa espécie, com certeza farei uma postagem no blog só sobre os brats, pois tem muito assunto para tratar). O brat não se submete, ele quer lutar (e perder) para que consigam sua submissão. Graças aos céus os brats têm as perfeitas tampas para suas panelas, que são os brat tamers - mas isso é assunto para outra postagem.
4. AGEPLAY: Ok, entender o fetiche por ageplay foi algo difícil para mim a princípio, mas hoje está absolutamente compreendido (apesar de eu não ser ageplayer, já pratiquei com algumas pessoas que tem essa preferência). Então, aqui, vamos citar bottoms que tem preferência por estar num headspace de uma idade que não é a deles, podendo ser babies, littles ou middles (pessoal, vamos só reforçar aqui que essas pessoas são sempre maiores de idade ok? OK!).
Eu já escrevi aqui que é tudo sobre headspace, certo? Pois bem, é tudo sobre headspace! Eu sempre digo que as palmadas sem o contexto necessário é igual a tocar tambor. Então, não basta saber que a pessoa é spankee, temos que entender o que ela gosta, o que ela quer e como isso deve acontecer. Vamos pegar o meu caso para exemplificar...
Eu, enquanto bottom, sou spankee (dã!). E como spankee eu sou brat, então eu gosto de provocar, de cutucar e de "irritar" o top esperando uma reação (qual será?). Assim como eu tenho uma razoável tolerância à dor. Eu também costumo aguentar mais instrumentos de couro e menos os de madeira. Para mim o scolding (a bronca) é essencial para o headspace, eu preciso entender a razão da punição e me sentir culpada antes e durante o spanking.
Dado esse panorama, sabendo do que eu gosto, fica fácil selecionar parceiros. Eu preciso de um spanker que goste do jogo de provocação e que saiba lidar com isso (e claro, preciso entender os limites dele para que não haja excessos), que gostem e dominem a arte do scolding, que saibam que colocar no lugar de forma firme, porém educada.
Eu, particularmente, gosto de tops que vão além do spanking, usando também castigos não corporais. Há bottoms que gostam de escrever linhas por várias vezes a fim de reforçar certo comportamento, outros que querem ter a boca lavada com sabão, outros que querem perder benefícios ou objetos, passarem um tempo de castigo em algum lugar. Alguns detestam essas práticas e ficam apenas no spanking... Alguns (como eu) são muito ligados a situações de embaraço (eu entendo que embaraço é diferente de humilhação, mas isso é matéria para outra postagem).
Como eu já disse, eu sou switch (mas muito mais inclinada para o lado bottom). Nessa minha pequena parcela como top eu sei o tipo de bottom que eu gosto porque eu sei o tipo de top que eu sou... Assim, o tipo de bottom que me atrai é exatamente o contrário de mim: prefiro bottoms mais submissos, resignados, que não apresentem grande resistência. Eu sou mais do tipo caregiver do que disciplinadora, e estou muito longe de ser uma brat tamer, então eu procuro bottoms mais do meu estilo.
Entendem por qual razão eu digo que é importante entendermos do que gostamos ou não? Isso evita muita frustração. Há pessoas que são muito incompatíveis e não devemos ter cenas com elas, mas isso não quer dizer que podem ser excelentes amigas!
Uma observação importante aqui de quem já praticou bastante: pessoal, não existe o príncipe encantado nem a princesa perfeita. Não devemos nos comportar com as pessoas como quem escolhe um item no mercado. As pessoas são diferentes e nunca se encaixarão perfeitamente nos nossos sonhos e fantasias.
Quando eu digo para que nos entendamos e saibamos o que queremos não é para achar a pessoa que seja perfeitamente e inteiramente compatível, mas para conseguir identificar quem não é nada compatível e nos flexibilizarmos para entender o que podemos aceitar ou não numa prática.
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